Tuesday, July 01, 2008

Poema - Diálogo com Deus




E o infinito era vazio,
de um frio insuportável,
mas aquele era o memorável
para a posterioridade ficar.
Pois, é o grande organizador
do explicável e do inexplicável
e este meu jeito lamentável
não poderá bem explanar.
De tentativas
o quase existe;
o inacabado subsiste
e assim muitos desistem.
Porém, não é certamente isso
que do meu objetivo irá tirar.
Desta forma, bem que eu poderei explanar
seja de que jeito for.

Sou um criado,
recriado e moldado
pelo meio à minha volta.
E não sou aquele
a escrever sobre linhas tortas
nem andar por cima das águas.
Não conheço o Aconcágua,
quanto mais o Salvador.
Mas a histórias passam
e sendo repassadas seguem seu caminho.
E será este o destino
de nossa cultura desregrada?

Um ser uniforme
e ao mesmo tempo disforme.
Figura esbranquiçada
que invisível se torna.
É o começo é o fim.
É o nascimento de José;
é o falecimento de Caim.
De todo começo sempre saberá o triste fim.
De todas as sortes sabe
e não se apraz com os conspiradores.
Serão estes os desertores
de todo o ideal divino?
Sua bondade magnânima
de tão grande é invisível
e deve ser por isso
que muitos se sentem preenchidos.
Quanto ar! Quanto ar!
Preencham-se de verdade.
Apenas não esqueçam a vontade,
pois, a intensidade faz estourar.
Nem tudo estourado tem graça
pois se perde a mágica
escondida no ar.
Então, este é um ser mágico?

Organize e crie meus sonhos,
diz o menino.
Em prece a oração segue firme
e em sua voz,
o timbre
não o denuncia vacilar.
Hesitação, calafrio.
E o brio do olhar alcança a fé
e de pé o garoto se põe a rogar.
E há muito tempo,
esse garoto mal sabe,
que um ser
tal como uma nave,
o universo se dispôs a percorrer.
Harmonizou o caos,
deu vida a matéria.
E pôs tudo que existe
pedra sobre pedra.
Eis que o desejo se consome
e desse ser surge o homem!
Ohh menino,
seu primeiro pai,
Grande pai!
Deixou uma herança
que de bonança nada tinha.
Então não é esta a obra-prima
que da eternidade o fez voltar?

Haveria um outro sentido
na outra metade da laranja?
Haveria necessariamente que haver a dor
para que houvesse a esperança?
Se o sentimento ruim existe
certamente é porque se fez necessário
então a idéia de alcançar a luz
parece ser mais conto do vigário
que, vigarista,
arrisca e petisca
as mais nobres intenções
de entender as origens,
seja através da ciência
ou através dos sermões.
Não foi Camões
a contar a História de Portugal?
E não seria ele o único frugal
a ter tal empreitada de paixão?
Onde residirá a força e a capacidade
de me fazer no tempo voltar?
Isto parece ser impossível.
Esses versos já chegam ao fim...

Engana-te,
Ó jovem!
Eu sou aquele
que tornado um ser vulgar
aprisionado foi
no esquecimento humano
e este é o maior ato desumano
que um mito pode vir a sofrer.
Já fui chamado de Alfa
e também de Ômega.
Fui um dos primeiros "Início".
Meu poder é real.
Enquanto existir o sobrenatural,
a crença e a metafísica
toda a minha mística
será inculcada no inconsciente.
E displicente será aquele
que de mim duvidar.
Não tenho poder para punir com fogo e enxofre
já que o maior dos poderes,
a alienação,
não está ao meu alcance.
Não obstante,
nesse instante,
poderei levá-lo ao Início de tudo.

Que maravilha!
Do tempo
era o senhor o dono.
Ó Chronos!
Nunca maior beleza meus olhos haviam tocado.
Sinto-me um rato, um verme, um nada.
O que é aquilo?
Ahhh.... matéria?
Lembro da Física,
onde se aplicam ali as regras?
Está tudo tão confuso.
E por acaso,
onde está Deus nisso tudo?

Inteligência e demência
caminham lado a lado.
Ser humano, por si só carrega um fardo.
E de tal enfado estou aqui pra te explicar.
Saiba que toda a criação;
Toda a organização;
Não tem o dedo divino.
Aquela bola que ali você vê
é a origem de tudo.
Sobretudo,
daquilo que vocês virão a chamar de amor.
Ali nascerá o ódio
que irá se ramificar em rancor.
Ali nascerá a bondade,
lunática,
que fará muitos apontarem caminhos.
A vida irá surgir.
Para os confins do eterno vazio o universo irá se direcionar.
Com isto aprendemos uma lição
com o sorrateiro inanimado
que preenche constantemente seu vazio
com a vida
e ao seu lado segue a própria vida
alimentando e sonhando
a esperança
de se manter eterna.

Não entendo o porquê
daquilo que tantos vieram me dizer.
Disseram-me sobre a vida e sobre o pós-vida
e agora nada disso me faz sentido.
Estou confuso e meus pensamentos agora
são meus inimigos.
Neste momento o último brilho que restava em meu olhar
foi apagado.
Não há mais sentido para que eu viva.
E que sobreviva aquele que foi manipulado!
Mas, uma coisa eu não consigo entender.
Por quê a ti,
Ó nobre Deus,
eu consigo ver?

Simples é o fato
que como ser humano sua imaginação é um dado
de vários lados.
Sua sorte é lançada de acordo com o que você pensa
e repensa de acordo com as circunstâncias de sua vida.
Assim nasce o sol,
que luz traz para o dia.
E aquece o coração humano;
trazendo alegria e segurança.
A festa é tanta
que este sol merece até ser chamado de Deus.
Luz para qualquer direção que nossa vista apontar,
Ó Lorde Rá!
Infelizmente sua luz não dura o bastante.
As trevas dominam e as horas são de jejum
As trevas submetem a luz
dando espaço para a vinda de Khonsu.
Mas somente serão Rá e Set a guerrear
e a criar a dualidade luz e trevas.
Pois, enquanto Khonsu espera,
o homem se desespera
e oferece os mais diversos sacrifícios
que não passam de suplício
para amenizar a culpa pela criação.
Maldita criatura!
Tornando-se mais poderosa que o criador,
o mesmo submeteu pela fé e pela dor.

Grandioso é o teu pensamento.
Minha existência, torna-se meu lamento.
A dualidade está no nosso coração.
Em todos nós
resta a opção da mudança;
braço da esperança que guia o ser humano
na direção do desconhecido.
Entendo, agora,
que nosso limite
é o limite da subjetividade.
Tornando-se, portanto,
um dos braços da verdade
que alguém irá abraçar.

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