
Em desalinho com as grandes questões tratadas,
o nobre do ouro se evade e se esconde.
Ele não o tal famoso conde,
que seguiu a pé naquela ínfima estrada?
E conseguiu alcançar o mais nobre desafio
de lidar com as questões mais triviais do seu tempo.
Mas, este não é o melhor passatempo
a que eu me proporia assentar.
Pois o levantamento feito naquele tempo
revelou grande deficiência de intelecto
Pois, era terra de abjectos
sem a menor consciência do que é a dor.
Ô obscuridade gentílica!
Façam versos, criem rimas!
Mas, por favor, não me venham com ladainhas
Eu sou osso duro de roer.
Ah... vocês vão ver
que, enquanto a dor superar a arte,
não haverá maior desastre
que me ponha ao chão.
Pois enquanto resta a canção,
há esperança!
Pois não passo de uma criança
pronta para brincar.
Então ela cresce e se transfigura.
Que maldição! Toda a sua figura muda.
Os pêlos crescem, os músculos enrijecem.
A pele muda e a mente desobedece.
Seria aos caprichos instintivos
ou à uma racionalidade maligna?
Que droga de vida é essa a minha
que se propõe a ajudar,
mas, a sofrer as consequências
de duras instâncias,
pois, ser criança
é sofrer, crescer, apanhar.
É lidar com os fracos;
é lidar com o forte.
Pois, justamente aquele que aponta o norte
é o primeiro a apedrejar
e a arquitetar as maldades mais inquietantes.
O grande ego vai caminhando.
A puro trote segue
e cavalgando
sobe morros, sobe serras,
atravessa ruas e entre as veredas
se esgueira,
rasteja e caminha.
E finalmente, olha lá!
Não é a terra de Caminha?
E finalmente ele descobre
que nas terras do oeste,
no hemisfério esquerdo do seu cérebro,
que a racionalidade lhe pregou uma peça!
Não que o coitado não mereça...
mas ego é ego e já basta!
Não é que o ego esconda
o dono do ouro, o conde;
que não é difícil de achar,
basta você olhar
para o rio e sorrir.
Ô nobre Conde, sobre meu povo e minha terra
o que tem a dizer?
-Meu caro... caríssimo amigo.
Desde há muito tempo reflito
o quão tu es digníssimo.
Porém, justiça seja feita
já que não sou de desfeitas
nem de meias palavras!
Por si só, pra mim, a verdade basta
e lhe aconselharei sobre o perigo que te rondas:
Olha de espreita
e perceba
que logo à sua direita se encontra os comuns
que de diversão estão em jejum.
Prontos pra mais uma rodada
de atividades ignóbeis
que alimenta de mais torpe
as suas mentes debilitadas.
À sua esquerda veja os crentes.
Bíblia na mão...
Ó, quão decentes!
Mas não engane
pois, por detrás daquelas aparências
o maior sinal de indecência
pode lhe assaltar.
Pois enquanto não representa um perigo,
seus desatinos se escondem sob suas vestes
e é justamente através de revezes
que nos põe estupefatos,
quase sempre de sobressalto!
Portanto, meu amigo.
Falar sobre sua terra
é falar sobre pessoas e pessoas
são diferentes
apesar de que a essência
seja a mesma
e de que as convenções humanas
sobreponham seus interesses;
ainda sim seu solo sagrado
é profanado com mesquinhagens
instintivas ou não
não passam de maldades
que apenas desgastam
nossa pobre existência.
Por favor meu caro...
às minhas terras venha!
E conheça quão divino
pode ser o comportamento humano
que não precisa de tantos desmandos
para saber se harmonizar.
Não me resta muito a falar sobre seu povo,
já me chega,
estou desgostoso.
E não sou homem de me pôr a par
daquilo que não me é prazeroso.
Pois, meu amigo,
a resposta já foi dada
e não me porei mais a par de nada
que não for de minha alçada.
Enquanto mantivê-lo por perto,
esperto estarei
porque aos seus avisos
sempre me atentarei
e não me deixarei tentar,
pode acreditar,
por um impulso de adoração.
Percebo que posso
aprender muito com a tua pessoa,
que como se fosse a proa de um navio
ao horizonte me guiará
e poderá me mostrar
o que neste mundo há.
Seja maldade, seja mazela,
seja a própria dor
ou a tristeza singela;
que bela me guia,
me orienta para a luz
conduzindo-me ao sol
em direção à santa cruz?
Ohh, por isso não se deduz
a força de minha vocação,
pois, amar de coração
não é o olhar instituído,
construído e consumido
pela mão humana.
Eis o conde,
Ó conde!
Nobreza d´alma
que reflete na água
nosso ego enfaixado.
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