Tuesday, December 26, 2006

Poema - Tenacidade


Eis que era a tenacidade admirada
Entre todos os demais sentimentos sempre apreciada
Volúpia insana que emana do nada
Faz da nossa primeira qualidade reduto do rancor

As palavras foram ditas num único suspiro
A firmeza do homem nunca o abandonou, entretanto
Mensagens mentais que não passam de um desvario
Que confundem-me e deixam-me aos prantos

Nunca uma lágrima teve repleta de significação
Como a gota saída dos belos olhos da linda Natureza
Soberba, qualidade requerida para a perdição?
Creio que não, a sordidez é com certeza

Com quantas linhas podemos compôr o admirável?
Podemos limitar a criatividade do magnífico?
Juízo de valor não é a maneira mais afável,
De querer ser agradável e para o outro digno

Na nossa História sentimento de outrem, existe?
Alteridade e amor, coexistem?
Tenacidade é uma qualidade que no bom persiste?
Ou a loucura do entendimento não passa de vertigem?

Entender palavras é tão difícil quanto ao ser humano
Ser insensível a esta causa não me torna desumano
Escrever o que parece incompreensível não pode parecer estranho
Àquele que lê e que se torna a palavra

Juntei minhas lágrimas às da Natureza
Refletimos sobre o atual estado de coisas
Desencantamo-nos com as conclusões que tivemos
Derivadas de um nobilíssimo sentimento de compaixão

Como a ponte que fornece o suporte e a passagem
Encontrei-me seguro à esta nobre imponente
Minha visão de humano não conseguiria fazer com que eu enxergasse além
Dos tristes limites, horizonte que delimita nossa vontade de fazer o bem

Que é o meio quem corrompe o homem já foi dito
Não torno isto um veredicto, porém é legítimo
Precisamos cogitar a idéia do que somos e pra onde vamos
E desta forma compreendermos melhor nossa primeira qualidade

Assim como o homem que deixa a pedra e conhece uma cama que lhe apraz
Tais versos vão perdendo a mecanicidade de outrora
Assim é o homem, que como nosso homem disse
"Vai centrando seus interesses à medida que o tempo passa."
Desta forma vão-se as guerras, não somente as palavras
No fim, aparentemente o que resta é nada
Auto-conhecimento é principal para alçar vôo
Rumo à nossa identidade e paixão ao que é da humanidade

Poderíamos resumir em simples palavras sentimentos de civilizações?
Seríamos capazes de usar verbos pra exprimir suas lamentações?
Torna-se enfadonho o triste desejar de a tudo querer apalpar
Nossos braços não podem abraçar o mundo

Como aquele que morre para ser inscrito na história
Existe a escória que a tudo quer determinar
Minam nossas vontades, dominam nossas vidas
Limitam nossa criatividade e até nossas rimas!

Infelizmente a ignorância existirá enquanto houver humanidade
Sempre nesta haverá traços de bestialidade
Paro por aqui com toda esta cordialidade
Faltou em mim a necessária tenacidade.